Parte I – Introdução
Olá amigos do blog, vim falar hoje sobre uma das mais importantes igrejas belenenses, e uma das mais ignoradas pela população em geral, resolvi não apenas fazer uma dissertação técnica sobre as características Barrocas dessa igreja (que por sinal são muito bonitas) quis iniciar minha explanação falando sobre algo muito tocante quando visitei ela pela primeira vez, a dedicação e mesmo paixão que os fies tem por sua igreja, uma dedicação que toca inclusive não católicos como eu, pois essa igreja, mesmo correndo risco de nunca mais voltar a exercer suas funções nativas (veja mais detalhes ao final do texto) ainda consegue congregar fieis voluntários para tomar conta desse espaço, bem sem mais delongas, vamos ao nosso trabalho antes que a professora Dani me desconte ponto(brincadeira professora, você sabe que lhe amamos):
Parte II Histórico:
Bem, nossa querida igreja de Sant’ana tem uma historia longa e cheia de peripécias dignas de igrejas de novela mexicana passando desde sede provisória da diocese de Belém, carro chefe de políticos populistas ate como baluarte de luta contra o regime militar.
Bem, mais toda historia tem um começo e o dela seria o ano de 1616 quando o Don Bartolomeu do Pillar, o primeiro bispo do Pará, indicou como matriz provisória da segunda paróquia a imita de Nossa Senhora do Rosário dos Homens de Preto, uma capelinha humilde construída com fé, principalmente por escravos que nela trabalhavam à noite, depois de um dia de trabalho penoso.
Antonio Giuseppe Landi recebeu a incumbência de “arquitetar, desenhar e dirigir” a construção da igreja de Sant’ Ana no mesmo local onde é até hoje: esquina da Rua Padre Prudente (antes Rua da Misericórdia e depois mais conhecida como rua do Landi) e a Rua Manoel Barata(antiga Rua S. Vicente)
Landi elaborou um projeto com uma cúpula central, rara nas igrejas do Brasil, com uma planta baixa em cruz grega, de uma só nave e em estilo românico. A igreja foi construída sem as torres que vemos hoje e que foram colocadas em 1839.
Depois de uma serie de mudança, e reformas entramos em período em que a igrejinha (nome a qual seus paroquianos carinhosamente a tratam) passou pela sua belle epoque (décadas de 1910 a 1930) em que a igreja virou um dos pontos sociais mais disputados de Belém, todos os que eram alguém, ou queriam ser alguém disputavam lugares na missa dominical, o governador, o comissário de policia, e vários políticos populistas que faziam somas vultuosas para conseguir simpatia dos fieis.
Depois desse período a igreja passa por tempos tortuosos causado pela revolução de 1964 ou como querem alguns, pelo Golpe Militar q fez mil desatinos se forem considerados os Direitos Humanos. Os padres não foram poupados. Eram tachados de comunistas. Acadêmicos passaram a ser olhados como subversivos. A igreja deveria enclausurar-se nas sacristias. Esse o tom revolucionário. Em Sant’Ana o padre Diomar foi preso e só obteve licença para celebrar missas. D. Alberto intimidou-se e disse certa vez ao clero reunido: “Vocês não sabem o que poderá fazer uma revolução...”. Muitas reuniões de jovens acadêmicos foram realizadas à noite na sacristia. Difícil relatar detalhadamente o que aconteceu. O Boletim Arquidiocesano começou a ser redigido em Sant’Ana sob a responsabilidade do Grêmio Pio XII, farto em fotografias e no noticiário, focalizando detalhadamente a prisão de dois padres franceses, que trabalhavam no Pará.
Depois desse período a igreja passa por novas reformas e entra no estagio que se encontra hoje, que iremos falar mais tarde
Parte III – A igreja
Primeiramente uma pequena ficha técnica:
Suas dimensões: torres (altura: 39m);
Comprimento interno (total: 37m)
A cúpula (altura: 37m)
Largura interna (total: 19,5m)
Abobadas (altura: 33m)
Comprimento da nave central (25m)
Largura externa total (22m)
Largura da nave central (25m)
Porta central (altura 2,98m).
Passada as dimensões vamos ao que realmente eu mas gosto quando penso em Sant’ana, sua fina arquitetura, a genialidade de Landi e seu belíssimo estilo Neoclássico com insinuações românticas e barrocas:
Podemos observar na figura ao lado q
Que encontramos um frontão em que
Estão presentes as duas torres e a
Escadaria, importante destacar que
Mesmo com o desgaste do tempo da
Pra se notar as decorações em curva
Características do barroco.
Podemos ver nessa imagem um belo exemplo da pintura barroca brasileira colonial, diferente de nossos colegas europeus que produziam obras com fundo mundano e ate mesmo mítico, nosso barroco foi totalmente voltado ao sacro, como podemos ver nessa pintura da abóboda central.
Aqui podemos ver púlpito e o as colunas Jônicas que sustentam a estrutura da abóboda e da cúpula, (interessante notar que nesse caso, landi decidiu utilizar esse tipo mais sóbrio, quando o usual era usar o dórico, bem mais decorado). Essas colunas dão a igreja um aspecto Neo clássico, coisa pouco vista nas igrejas de Belém dessa época
Podemos ver aqui uma composição de imagens sacras presentes na igreja, trata-se da sagrada família,
São José, Virgem Maria e menino Jesus, feito provavelmente em gesso ou material similar, podem notar a sobriedade e ate a falta de expressão facial presente nas obras sacras desse período.
Parte IV – Situação atual
Devido a vários problemas estruturais e financeiros, a diocese de Belém pediu a prefeitura que interviesse na igreja, por conta disso a aproximadamente 10 anos a igreja tem passado por sua mais importante reformar, não devido ao fato que se não for feita podemos perder um grande monumento cultural de nossa cidade, mais sim que essa reforma pode decidir o futuro da igreja em si.
Depois de sair da orbita municipal, a igreja esta agora sobre administração do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que embora tenha feito seu trabalho de restauração com esmero, vem acumulando tensões com a comunidade paroquiana, devido a possibilidade de a igreja perder suas funções nativas de santuário para se tornar um museu.
Bem, agora vai a minha singela opinião de estudante da historia, a intervenção do governo foi fundamental para a preservação da física do monumento, assim como deveria ser com todos os monumentos com valor histórico a nossa sociedade, só que mais importante que a preservação física de um monumento, é a preservação dos laços que a comunidade tem com esse monumento, a preservação, sempre que possível de suas funções primarias, assim sendo, creio que a igreja de Sant’ Ana deve continuar permanecendo o que sempre foi, uma pequena centelha de fé para seus fieis e uma memória histórica de grande importância a todo o povo belenense
Andre Vinicius Cardoso